segunda-feira, 2 de junho de 2008

Any Other Way


Escondida atrás da porta fechada, ouvia a canção sendo tocada no piano.
Havia tomado muita coragem para estar ali, onde segurava sua camiseta com muita força, assim como evitava as lágrimas.

E se emocionava.

As lembranças retornavam e o futuro parecia não existir. Tudo o que queria era poder retornar ao passado e continuar nele para sempre. Ou, que o futuro pudesse se tornar imutável: Para estar com ele, seu perfume, com sua voz e tudo aquilo que ninguém mais ouviu, assim como quando estar com as mãos unidas era um único momento... Ou só de vê-lo era o suficiente. Seria o mundo perfeito, se logo tudo aquilo não fosse acabar.

A distância tornar-se-ia insuportável, a dor de perder o devido sentimento a enfraquecia.
E nada daquilo foi exposto antes. E era necessário dizer.

Abriu a porta e observou a mais ilustre figura de um homem envolvido por sua música. Ele percebeu sua presença e, como se não fosse mais belo, sorriu. Por motivo nenhum permitiria alguém interromper esse instante, pois ao chorar, sentia a melhor sensação do mundo. Sentou-se no luxuoso sofá que estava perto do instrumento e começou a cantar. Aquela música, sim, “A nossa música”, pensou.

Os dois sentiam que entendiam o sentimento mutuamente. Por quê? Por que não a permitem estar ao seu lado? Tudo aquilo que desejou, um sonho que nunca cogitou ser realizado... Uma outra pessoa, a próxima que virá para ele, será essa mais feliz?

O som cessou, ambos se olharam. Ele sorria gentilmente, mas ela já não conseguia. Mas não fazia mal, ela sabia que esse sorriso era a mais profunda tristeza, pois o conhecera antes. Pensando bem, foi bem no início, quando ela não verdadeiramente sabia de suas dores. E sofreu ainda mais quando percebeu que tudo isso agora, retornaria:

- Não, pois seu destino não será a solidão. Porque aquela que mudou o rumo dele, sou eu.

Estava ele, sob a decisão da família milionária para se casar com uma futura herdeira de milionários. Sem pais, sem irmãos, era a lei dos mais antigos parentes que mal ele conhecia. Estava ele, sob a pressão de decidir o futuro dos negócios, sendo ele também herdeiro de um, muito importante, sangue nobre. Dentre as peças do jogo, ele era a mais importante. Por mais que tudo isso estivesse em suas costas, sabia ele que, ela, sua pequena doce amada, não estava errada.

E era tudo o que precisava ouvir.

Sua incumbência era, mais do que provar sua força à todos. Era mostrar que, não existe apenas um caminho traçado como rumo e muito menos, a eterna existência da infelicidade daquela família, que por muito tempo carregou a angústia do poder e do dinheiro. Adeus, finalmente.

- Tudo o que eu não queria, era te perder. Ainda bem que você está aqui comigo.