- Ué? Onde foi que eu deixei aquela blusa? Usei ontem para ir no mercado! Não lembra onde coloquei? Ah, deixa pra lá. Huuum, esse vento está tão gostoso hoje, não? Poderia ir ao parque, mas é tão longe... Além de que o caminho é perigoso... Mas não tem problema, com certeza terei algo pra fazer! É só me organizar! Na minha agenda... Uau, quantas tarefas; tenho que começar e terminar, ao menos, duas hoje! Assim já deixo meu tempo livre para quando a data da entrega chegar. E tenho que pensar o que farei nesse dia também... Poderia dormir ou ler um dos muitos livros que quero ler, mas nunca termino por falta de tempo. É isso, preciso otimizar as coisas pra ter tempo todos os dias! O que você acha, Johnny? Johnnyzinho? Não finja que não ouviu, não faça essa cara; me responda que te darei um mega abraço depois! Por favor? Johnny? Me responda... Johnny? Não me deixe sozinha, de novo... Olha que eu vou começar a chorar, hein? Johnny... Eu preciso de carinho...Johnny, o ursinho, permanecia inerte em cima da cama; porém, a criança o abraçou e deitou-se, aos prantos:
- Desculpe, Johnny, eu sei que você não fala. Agora eu consigo escutar seus pensamentos. Sim, tenho razão, essa é a melhor forma de administrar meu tempo, né? Obrigada, amigo! Vamos brincar depois que eu estudar, tá? Quer ler comigo?! Puxa, que ótimo! Então eu vou contar uma história para você!
A criança colocou o ursinho no colo e cantou uma fábula; ao terminar, deixou o ursinho onde estava e escreveu em seu caderno:
"Em mim, há algo que eu não entendo. Parece ser um sentimento que comprime os outros existentes em mim, me traz uma sensação ruim a qual não identifico. Ele me faz chorar, me faz entristecer e eu não sei o porquê. Gostaria que um dia isso acabasse, porque o Johnny não quer me ver mais triste, mas nada o que eu faça, acaba com essa dor. Então, por um milagre, peço a alguém que venha até mim e me ajude. Assim seja, para todo o meu futuro. Prometo que serei esforçada!"
Fechou o seu caderno e dormiu na cama com seu ursinho.